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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

*** DO ATLÂNTICO AO PACÍFICO (de moto)

                                                                                                                                        Atenção ! ! !:
Você poderá ver também neste Blog:



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(de moto)

Março de 2009

(Este passeio rendeu uma inesperada reportagem de 06 páginas na edição de setembro de 2009 na Revista “Duas Rodas”)

                                                                (Fotos e Texto: Nilceu Mario Moro)
moronilceu@gmail.com

        Todos somos viajantes... Em última análise, por mais sedentário que se possa
 
ser, viaja-se no espaço cósmico à velocidades alucinantes!!!  ----- Mas, poucos conhecem a

 sensação de movimentar o nosso Planeta através de duas rodas sentindo no rosto a

 força, a ternura e a violência dos Quatro Elementos da Natureza. 


Tava eu de férias. Tava um calor danado em Curitiba, Estado do Paraná.
“Me” pensei: Vou prá praia de motocicleta. Só que errei o rumo; em vêz de ir para o Leste, fui para o Oeste. Acabei na orla do Pacífico... O que resultou num percurso de 8.181 kms rodados em 15 dias.

Como ainda não sei usar telefone celular e nem GPS, fui desprovido de tais aparatos para não confundir a minha cabeça.
Motocicleta: Honda modelo “Falcon” ano 2006, 400 cilindradas. Para a viagem troquei a vela de ignição, o óleo do motor, os dois pneus e as duas câmaras de ar. De resto a menina estava nova, com  9.200Kms
Motociclista: Nilceu Mario Moro, ano 1948. Remédios para a coluna, revoluções estomacais, dor de cabeça, intestino preso e, kit para pequenos reparos externos (no motociclista).
Pergunta mais frequente nesta viagem:  “- Sozinho?!”
                                         

O maior perigo na vida está em não arriscar”
                                                       (Rudyard Kipling)


19/03/2009,   1º dia de viagem.  Curitiba-PR. à Eldorado-Argentina

Escolhi entrar na Argentina pela cidade de Yrigoyen, fronteira seca
 junto à cidade de Dionisio Cerqueira-SC-Brasil.
Fronteira Seca.  Dionisio Cerqueira-BR / Irigoyen-AR.

Existe, à alguns anos, a exigência acordada entre os Países do Mercosul da obrigatoriedade de condutores de veículos portarem um seguro contra terceiros quando dirigem em território estrangeiro do referido Mercosul. Tentei sair de Curitiba já portando a chamada “Carta-Verde” que é o tal seguro obrigatório e que a “policía-caminera” argentina adora pedir. Pesquisei nas seguradoras daqui e me pediram cerca de R$ 240,00 pelo seguro valendo por 30 dias para os Países Hermanos, incluindo o Chile, que não faz parte do Mercosul. E não eram todas as seguradoras que aceitavam fazer o tal papel para motos. Achei caro, pois não pretendia atropelar ninguém. Movido por informações desencontradas da internet, rumei para a fronteira para resolver lá esta questão. Ao estacionar a moto defronte a uma loja em Dionísio Cerqueira, a alguns passos da fronteira, para pedir informações, fui recebido festivamente pelo Gargamel, que eu ainda não conhecia. Figura impar, presidente de um clube de motociclistas (“Moto Grupo Piratas da Fronteira”) de sua cidade, também dono de uma Falcon. O Gargamel deu-me informações precisas e indicou-me um conhecido do lado argentino onde eu poderia fazer a “carta-verde”. Paguei R$ 25,00 para trinta dias... Só valia para a Argentina. Prá quem ia pagar R$ 240,00... O Chile não exige tal seguro, exige isto sim, a “Permissão Internacional para Dirigir”, agora conseguida nos DETRANs. Contei para o argentino que me atendeu, que o Gargamel reclamou que a motocicleta "Falcon" dele bebia muito; ele me respondeu: Igual ao dono.

A Rota

Iniciada a viagem pela Argentina, desci contornando o sul do Paraguai. Neste dia dormi em Eldorado na argentina.

696 km rodados hoje

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20/03/2009, 2º dia de viagem. Eldorado-Ar. à Monte Quemado-Ar.

Tem-se aí uma idéia do que é o Gran Chaco argentino. Planície que se perde no horizonte, Roda-se o dia inteiro e não se vê um morro sequer. As retas das estradas são infindáveis, raramente se faz uma curva. Postos de combustíveis (estaciones de servicio) é artigo de luxo. Eu sempre tinha pelo menos três litros de nafta (gasolina) no bagageiro como reserva.

Neste dia, peguei cerca de três horas de chuva muito forte com muito vento. Em determinado momento fomos, a motocicleta e eu, apanhados por uma lufada de ar que nos fez sair da estrada, a qual não possuía acostamento pavimentado, apenas capim com cerca de dois palmos de altura, com uma inclinação do terreno de quase 45° e, tudo muito molhado. Velocidade de 80 kms/h, viseira do capacete embaçada de chuva, moto dançando no capim,  na inclinação lateral do terreno irregular...adrenalina a mil. A viagem poderia ter  terminado ali. Imputo à perícia 10% e à sorte, 90% pelo fato de não ter caído.

Mais tarde, com a pista seca, compreendi o que ocorrera; na minha frente, através da sujeira do asfalto, vi formar-se um rede-moinho. Acelerei ao máximo, grudei no tanque de combustível da moto e só senti a pancada do vento ao cruzar o fenômeno.

É comum a gente ver na beira das estradas da Argentina, mini santuários dedicados ao “Gauchito Gil”, entidade homenageada por viajantes, onde predomina a cor vermelha das bandeiras que adornam cada um destes sítios. Há também, semelhantes homenagens à “Difunta Correa” onde as oferendas são a água, devido esta heroína ter morrido de sede.

Cruzei o grande Rio Parana, que separa as famosas cidades de
 Corrientes e Resistencia, pela bonita e grande ponte.
Rio Parana - Separa Corrientes / Resistencia - Ar.
                          


Pernoitei em Monte Quemado-Ar.
960 km rodados hoje. Total até aqui: 1656 km

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21/03/2009   3º dia de viagem.  Monte Quemado-Ar. à San Antonio de Los Cobres-Ar.

Ao chegar à cidade de Salta, ao pé dos Andes, com a intenção de pernoitar ali, tive a ventura de saber que a tortuosa e pedregosa estrada da subida da grande montanha de cerca de 170 Kms, estava quase que totalmente asfaltada. Mudança de planos. Seguir viagem!

Realmente, apenas os primeiros 20 e os últimos 25 kms estavam sem pavimentação. Uma festa! Porém, há que se ter cuidado, pois eventualmente os elementos da Natureza trazem para a nova pista moderna, larga e rápida, a farta areia disponível neste lugar que já se pode considerar o início do Deserto de Atacama nesta região. De fato, com a segurança do asfalto, vêm outros perigos. Em determinado lugar havia um automóvel com as rodas para cima. Havia ficado quase cilíndrico, sugerindo a quantidade de vezes que havia capotado.
Reserva de combustível. Sempre!

No mais, a paisagem apesar de desértica é linda, com enormes
 cactos e infinitas nuances de cores das rochas nuas.

Sobe-se até à 4.080 metros de atitude quando se chega a Abra Blanca. Neste caminho, já se vislumbra as montanhas nevadas ao redor, pois no dia anterior havia caído neve na região. Senti frio por não estar devidamente preparado para estas condições de clima. A roupa quente estava "lacrada" no bagageiro.


                                                                           

                                                                              


                                                                                   

San At° de Los Cobres, a
 3.800 metros de altitude
 e que havia nevado na
 noite anterior, uma
 pequenina cidade que
 parece aquelas construções indígenas de barro em filmes americanos de bang-bang. 
Ao procurar um lugar para pernoitar, vi duas motocicletas “tornado” com seus donos. Aproximei-me. Eram dois argentinos de Mendoza, pai e filho, que estavam na região fazendo caminhos pouco convencionais em estradas precárias e de altitudes acentuadas. Contaram-me que no dia anterior chegaram a ficar com gelo sobre as roupas em um dos trajetos nas proximidades e o trecho que eu pretendia fazer no dia seguinte havia sido fechado pelas autoridades por várias horas naquele dia devido à nevascas. Era tudo o que eu queria. Ver neve.

  
    San Antonio de Los Cobres - Ar.
                                                                          
                                                                               
Conseguimos, nós três, uma acomodação com três camas para
 pernoitarmos na hosteria da D. Maria, uma simpática senhora com
 traços fisionômicos incas e cuja estatura nos faz compreender o
 porquê de as casas andinas serem tão pequeninas em sua altura.
 Em algumas portas destas casas têm-se que abaixar-se ao passar
 para não bater a cabeça.
Dona Maria


A noite choveu em San Ant°, coisa raríssima. Juntamente com os novos amigos, fui a um merecido jantar. Merecido pois, eu não havia almoçado, o que não havia feito falta pois os olhos alimentaram a alma o dia inteiro e a fome não veio.
549 km rodados hoje. Total até aqui: 2.205 km

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Domingo, 22/03/2009, 3º dia de viagem.   De San Ant° de Los
 Cobres-Ar.  à  San Pedro de Atacama-Ar.

Amanheceu muito frio, havia geado.

Geada em março

Meus amigos seguiriam o caminho planejado por eles e eu o meu. Antes fomos à “gendarmeria” falar com os militares sobre as condições de tráfego nas estradas devido ao mau tempo. Estava tudo ok.

Despedimo-nos, fui ao posto de gasolina encher o tanque e mais três garrafas de “pet” de reserva pois, seriam cerca de 300 kms de estrada de chão (rípio) a ser enfrentado até chegar novamente ao asfalto em Socaire, sendo este trecho desprovido de posto de abastecimento, água, comida, gente... Nada!

O Deserto de Atacama em sua mais pura manifestação.

A moto perde potência e ocorrem detonações no motor quando se alivia a aceleração devido à altitude. Eu ainda subiria até 4.560metros de altitude e estaria sempre pilotando no altiplano, cuja média de altitude era de 3.500 metros, o consumo de combustível é alto, aliado a isto, eu trafegaria durante longos trechos em 1ª e 2ª marcha devido às condições do terreno (não sou piloto de rali). 

 

Hora enfrentar o "Monstro".

 

Até san Antonio de los Cobres eu já conhecia o trecho, pois a 15 anos atrás eu aqui estivera com o companheiro Hélio Mendes em duas motocicletas "Sahara" de onde retornamos a Curitiba.

Pé (rodas) na estrada. Logo nos primeiros quilômetros saí da rota
 para pegar uma precária estradinha com 10 kms de extensão par
a visitar o viaduto da Polvorilla (Polvorija). Foi nesta estradinha que
 vi a minha primeira vicunha. Camelídeo ágil e com muita graça.
 Move-se com espantosa agilidade no terreno pedregoso e é muito
 arisco. Fiquei frustrado por não conseguir sacar a tempo a câmera
 para fotografá-lo. No decorrer da viagem, vi-os amiúde. Não só
 vicunhas como também lhamas e guanacos. Estes dois últimos bem
 mais “sociais”.

O Polvirilla, é uma extraordinária estrutura metálica que atravessa um vale para a passagem por cima de uma via férrea de 64 metros de altura e 224metros de comprimento construída numa altitude de 4.200  metros acima do nível do mar. Chega-se de motocicleta aos pés da referida estrutura. O chão estava branco de gelo.

                                                                            

El Polvorilla
                                                                              

                                                                           

Não me contive e subi até os dormentes superiores da linha do trem
 por uma acentuada rampa em “zig-zag”.  Some-se a esta escalada, a
 altitude do lugar... Numa das paradas para tomar fôlego, tentei
 contar a minha pulsação; não consegui devido a rapidez com que a
 “bomba” funcionava.



 Eu estava sozinho lá, como ocorreu praticamente o dia inteiro de
 viagem talvez por se tratar de um domingo e também porque as
 pessoas têm preferido ir ao Chile pelo Passo Jama por ter menor
 trecho de pista de areia e pedra (rípio), mas a minha pendenga era
 com o Passo Sico. E era para lá que eu queria ir.
De volta a estrada principal, era rodar e não pensar.

Como já mencionado, a estrada estava deserta, com raros veículos
 sendo vistos e, mesmo assim, apenas no início e no final deste
 percurso. Porque não pensar? Porque não se pode nem pensar
 num pneu furado ou coisa parecida. Cuidado extremo ao escolher “el camiño”.


Rodar e... nem pensar em pneu furado, queda ou pane na moto...


Um dos piores trechos deste dia foi ao lado do imenso salar “El
 Rincon”, 
onde durante a semana deve haver tráfego de caminhões
 entre um trecho e outro transportando sal o que torna a estrada
 com bolsões ou panelas com às vezes quase dois palmos de
 profundidade totalmente encobertos de finíssima areia, o que
 torna estas panelas uma armadilha onde os pneus afundam e
 atolam, sem contar com o equilíbrio que “vai pro brejo”. Foi num
 destes bolsões que entrei e caí de encontro a um barranco ficando
 a moto tombada sobre a minha perna esquerda. 
Enquanto me debatia para sair, sentia o forte cheiro da gasolina argentina de alta octanagem a transbordar pelo carburador na região do motor muito aquecido. Eu não tinha acesso à válvula para fechar a passagem do precioso (nestas paragens), e perigoso combustível.

Lembrei-me de relance das proféticas palavras do amigo argentino
 nesta manhã quando me disse que sempre é bom estar com
 alguém numa viagem para que no caso, por exemplo, a moto
 derrapar num areião, e o piloto ficar com uma perna sob a moto,
 ter alguém para ajudá-lo a sair. Pareceu praga, mas não foi. Foi
 simplesmente a voz da razão.

Voltando à gasolina vazando. Não adiantava fazer força para sair. A
 perna não vinha. Foi então que percebi que a areia fofa estava
 também sob a minha perna. Comecei a torcer o pé como que
 escavando o terreno e vagarosamente fui me livrando até sair e
 ficar de pé. Rapidamente “montei à cavalo” ao contrário sobre a
 moto, agarrei o bagageiro e, com uma força “adrenalínica”, comum
 numa situação destas onde a liberação de adrenalina no organismo
 é farta, consegui levantar a máquina e fechar a torneira do tanque
 (desnecessariamente agora). Foi uma das fotos que ficaram
 faltando: a moto caída e com as rodas atoladas na areia até os eixos. Acreditem se quiserem.

Depois de desafogar o motor, temendo pela não partida do mesmo devido à falta de oxigênio, seguiu-se a penosa viagem pelo atoleiro de areia a 5 ou 15 kms/hora durante muito tempo.





Isto é uma simpática Lhama!    "In Natura"!

Depois havia trechos em que eu andava a 70 kms/hora, não sei se
 por condições que a estrada dava ou para livrar-se logo daquele
 rípio. Transposto o Passo Sico, cheguei a 4.560 metros de altitude
 em Alto Chorrillo.

Maior altitude alcançada - 4.560 mts. (Placa crivada de balas)


Passei pelo posto avançado (e isolado) argentino de polícia e aduana, fiz os trâmites legais para sair da argentina. Conversei um pouco para não desaprender a falar. Eles ali me disseram que às vezes, porém raro, passam grupos de motociclistas "pero",  sozinho, ninguém.

                                        

Alguns quilômetros depois, cruzei a fronteira e entrei no Chile pelo
 “Passo Sico”. As pedras pelo caminho continuavam, adiante,
 montanhas cobertas de nuvens cinza indicando tormenta.
                                    
Passo Sico - Pouco usado atualmente.
É mais usado o Passo Jama, tem mais asfalto.

Mais alguns quilômetros e cheguei a alguns velhos containeres do posto avançado (e isolado) do exército e da aduana chilena onde, depois de muito bater nas portas e paredes metálicas, apareceram uns carabineiros e um civil para fazer os trâmites para a minha entrada “parcial” no Chile. O restante da documentação eu deveria fazer em San Pedro de Atacama. Começou a nevar. Pequeninos flocos do tamanho de grãos de arroz mas, neve!

Perguntei para o carabineiro quantas pessoas haviam passado por
 ali neste dia, isto às 15:00 horas, ele respondeu: “Hoy solamente
 usted”...  “Me” pensei: qualquer problema comigo ou com a moto
, morro de frio durante a noite. Sem exageros, mas como disse o
 Pavarotti: “Penso que uma vida vivida para a ‘arte’ terá sido uma
 vida bem vivida”.
                                      
                                          Salares                                         
                                                                           
               


É impressionante o vazio do deserto em determinados momentos,
 principalmente visto de pontos altos durante o caminho.
 Deslumbra-se com a beleza e não se pensa em indesejáveis
 problemas em tais recantos esquecidos do Planeta.

                                    

Quase 300 kms depois “amassando” pedras e areia e dando de beber para a motinha com as “pets” de gasolina, cheguei a Socaire-Chile. Asfalto!
Daí a San Pedro de Atacama, onde completaria os trâmites de
 entrada no País, foi um passeio relaxante devido ao reencontro com
 o já saudoso asfalto.

Assim foi completada a jornada deste fantástico dia.
371 km rodados hoje.  Total até aqui: 2.576 km.

23-24/03/2009,   4º e 5º dia de viagem.    Desfrutando San Pedro de Atacama.

San Pedro de Atacama fica no altiplano dos Andes a uma altitude de
 cerca de 2.400 metros. É uma cidadezinha nos moldes da já
 descrita anteriormente, como de índios com suas construções de
 argila. Rústicas e baixas. É muito movimentada em termos de
 turismo. Aí se encontram pessoas do mundo inteiro e as mais
 variadas “tribos”, desde Hipies, mochileiros... à branquelos
 europeus executivos. Abundam agências de turismo que
 promovem escaladas em Vulcões, tours à lugares de interesse,
 locação de bikes, pranchas para ”sendboard” e cavalos, guias
 exclusivos...etc. Sua principal calle (rua) é a Caracoles, e está
 sempre muito movimentada por “peatones” (pedestres). Nesta rua
 está concentrada a maioria dos serviços, além de aconchegantes
 restaurantes com “fogo ao vivo” às noites, tornando os ambientes
 ainda mais bucólicos.
                                                                            

Calle (rua) Caracoles - S.P. de Atacama / Chile
                                                                              
Visitamos, eu e a moto, a laguna de Chaxa, a 2.300 metros de altitude, no Salar de Atacama onde fica a Reserva Nacional dos Flamingos. Lugar inóspito com o seu solo aflorado de pedras de sal por extensão imensa. Ali, apesar das condições, há vida alí. Pequenos camarões, pássaros, lagartos, marrecos e patos e, até flamingos. A laguna é de água rasa e extremamente concentrada em sal.


Fui também ao “pueblo” de Toconao, a 2.485 metros de altitude, com seus quinhentos e poucos habitantes. As construções são de pedra vulcânica Liparita, extraídas das crateras.
                                                   
Toconao / Atacama / Chile

A charmosa torre campanário da Igrejinha fica separada desta última, na praça em frente, e foi construída em 1750 com pedra e barro.


                                                                           

Os atacamenhos habitam a região a cerca de 11.000 anos, li em algum lugar.

Fui ao “Valle de La Lunna”, considerado o espaço de terra mais inadequado à vida do mundo. Paisagem bonita, de pedras, montanhas, areia e sal.

Valle de La Luna / Atacama / Chile
                                      


Visitei o “Valle de La Muerte”. Digno do nome. Solidão e areia circundada por morros nus.


                                                                            

Valle de La Muerte / Atacama / Chile
                                                                               

De volta a S.P.de Atacama, visitei o museu, a igreja... A agradável cidadezinha enfim. 

O museu mão mais exibe as múmias atacamenhas devido a um acordo internacional para fazer-se o devido respeito para com os mortos.


San Pedro de Atacama / Chile


Aqui tive o raro privilégio de observar um senhor de já bastante idade a fotografar a cidade com sua câmera quase (ou) secular, tipo caixote. Cada foto tirada, ele dava várias voltas na manivela para rodar a posição do filme.


O único serviço turístico que contratei nesta viagem, foi o da visita
 aos Geisers Del Tatio. Antes das quatro horas da madrugada a
 cidade já tem várias vans circulando para pegar o “povo” para levar
 aos geisers. Na agência só me avisaram para levar uma roupa de
 banho e comer pouco na noite anterior. Se não fosse a sra da
 hosteria me avisar do frio, eu teria ido apenas com camiseta e blusa
 de moleton. Às 04:15 horas, a van me apanhou na porta da
 hosteria. Percorremos outras pousadas e, todos a bordo, partimos
 para El Tatio. Rodamos 90 kms e subimos a uma altitude de 4.320
 metros, motivo da recomendação para comida leve na noite
 anterior. O dia ainda estava amanhecendo, momento ideal para se
 apreciar com mais nitidez as erupções dos vários geisers numa
 espécie de vale. A temperatura ambiente estava a 8 graus
 negativos. É um bonito espetáculo. A água que saia das fendas da
 terra a 85° C, subia às vezes a até dez metros de altura, corria pelo
 chão e logo virava gelo. O dia amanheceu, nosso guia colocou uma
 botija de água e um pacote de leite sobre um dos geigers para
 aquecimento para depois servir um gostoso e bem vindo café da
 manhã com pão, manteiga, queijo, presunto e bolo.


Geisers Del Tatio / Atacama / Chile

                                                     A pouco, água fervente; agora, gelo.

Foi quando encontrei o “sem par” Laviola, um colega de trabalho na Petrobras e que eu não via há 19 anos. Fomos nos reencontrar no mais inesperado dos lugares e estávamos na mesma van. Estava ele e a Adriana.


O Laviola

Foi-nos sugerido pelo guia que entrássemos na piscina natural e térmica localizada naquele sítio. O Laviola entrou e desafiou-me a segui-lo.


                                           
                       0º C. do lado de fora da água

Eu não deixei por menos, despi-me como manda o bom censo e o pudor (com a roupa adequada por baixo, coisa que não vi em uma idosa senhora que mostrou a bunda para que quisesse ver) e entrei em alto estilo, ou seja, mergulhando espalhafatosamente por medo de escorregar.


Na eminência do impasse internacional...

Quando vim à tona, risos de uma parte e caras feias de outro, pois ao entrar na água, com respingos molhei os cabelos presos cuidadosamente em coque de uma das banhistas. Pedi as devidas e sinceras desculpas, porém estas não foram aceitas...

Foi o motivo para piadas o tempo todo principalmente por parte do enorme Laviola com seus 2 metros de altura e mais de 100 quilos de peso. Pelo menos nesta situação física eu estava relativamente protegido, porém temi que o caso fosse levado às raias de um tribunal internacional em que até o nosso presidente da República e Companheiro Lula, fosse acionado. E a coisa poderia ainda evoluir com possibilidades de um conflito armado entre dois ou até mais países. Começou-se então a jogar pedrinhas na água com a intenção de “afogar” os vizinhos, e a avaliação feita pelo Laviola em US$ 500.00 do penteado por mim arruinado. Como se não bastasse a situação criada, quando a vítima dos cabelos molhados saiu da água, o Laviola foi lhe pedir emprestada a toalha dela para secar as mãos para apanhar a câmera fotográfica, pode? Adivinhem a resposta da moça... Ela sequer deu resposta... E nem a toalha! Por sorte a rancorosa estrangeira do penteado, cujo país de origem não foi identificado, não estava na mesma van que nós.
Foi muito agradável a viagem de volta à San P.de Atacama, agora com a luz do dia e por outro caminho. Verdes vales em pleno deserto, muitas Lhamas, Guanacos, Vicunhas, chinchilas,  patos e outras aves,...

                              
                                       Vicunhas



                                                                              

                       
                                                             Uma Chinchila

 Visitamos a comunidade de Machuca com algumas dezenas de habitantes.



                                                              Igreja "Matriz" de Machuca


Nestes altiplanos é impressionante o azul do Céu. Muito limpo. As
 noites são estreladas como já não mais me recordava de tê-las visto
 um dia na minha infância. Arrependo-me de não ter pegado a moto
 e saído à noite para fora dos arredores da cidade para desfrutar
 ainda mais daquele Céu... Mais um motivo para voltar lá um dia.

Voltamos a San Pedro às 12:30, horas. Dei um adeus ao Laviola e à
 Adriana e fui dar baixa no meu quarto da pousada, arrumar a
 trouxa no bagageiro, abastecer, fazer a lubrificação diária da
 corrente de transmissão da moto e cair na estrada.
186 km rodados nas redondezas de San Pedro de Atacama.


24/03/2009   5º dia de viagem.   De San Pedro de Atacama à Antofagasta.

Sai de San Pedro à tarde com a idéia de ir a Chuquicamata-Chile para ver a mina de cobre, a maior do mundo à céu aberto. Eu queria mesmo, como mecânico, ver os caminhões-caçamba que transportam o minério e têm capacidade para 300 t. Fui demovido da idéia. O pessoal da agência de turismo de S.Pedro disse que não valia a pena, que a cidade próxima, Calama, era perigosa, que eu teria que agendar a visita um dia antes... Etc. Arrependi-me depois de não ter ido assim mesmo.


Calama / Chile
Passei por Calama e rumei para Antofagasta. Cheguei nesta cidade com o Sol se pondo no mar. Foi a primeira visão do Oceano Pacífico. Na viagem e na vida!


                Chegada ao Oceano Pacífico ! ! !
323 km rodados hoje.  Total até aqui: 3.085 km.


25/03/2009   6º dia de viagem.    De Antofagasta-Chile a Taltal-Chile

Foi o que considerei o pior dia da viagem.

Antofagasta é um dos Oasis do Atacama muito movimentado e tem de tudo. Num lugar grande assim, paradoxalmente, é difícil encontrar o que se quer... A começar para  encontrar um hotel compatível com as expectativas (custo/benefício). As informações são confusas pelo fato dos chilenos falarem rápido e pré-conceberem que a gente conhece as ruas e praças pelos seus nomes. Na manhã saí do hotel para sacar dinheiro e trocar o óleo do motor da moto. Um verdadeiro parto. Tomou-me a manhã inteira e muita dor de cabeça.

Depois de muitos pedidos de informações, encontrei um óleo próximo do compatível numa loja de lubrificantes, porém ninguém das pessoas a quem pedi orientação (e que não foram poucas, inclusive a alguns motociclistas), foi capaz de me indicar uma loja e/ou oficina especializada em motocicletas de maneira que eu pudesse entender. Comprei o óleo, pedi para usar um canto de um posto de combustível e fiz a troca.

O meu cartão de crédito havia sido bloqueado, diligentemente diga-se de passagem, pelo meu Banco pois eu o havia desbloqueado para uso no exterior mas ficou subentendido que eu iria para a Argentina somente e, quando apareceu o primeiro uso no Chile, a gerente da minha conta fez o bloqueio do cartão. Neste ínterim, eu estava tentando em tudo o que parecia ser um caixa eletrônico, sacar dinheiro. Atitude louvável mesmo assim do “meu” Banco.

Enquanto tentava sacar  “la plata” sem sucesso, encontrei com dois motociclistas brasileiros do Sul vestidos escandalosamente de Verde e Amarelo além de bandeiras de nosso País desfraldadas em mastros em suas motos. Apesar do desânimo ocasionado pelo insucesso ocasionado pela presente incompatibilidade com as máquinas de dinheiro, parei para conversar com eles... Conversa vai, conversa vem, contei-lhes da minha presente situação financeira. Foi como se de repente eles percebessem em mim uma moléstia altamente contagiosa. Rapidamente se despediram e seguiram o seu caminho... Cadê, me pensei, a tão apregoada solidariedade motociclística??? Em nenhum momento pensei em pedir dinheiro para alguém porém, penso que, no mínimo, eles poderiam, de alguma forma, tentar me ajudar a lidar com as máquinas de saque automático.

Enquanto isto tudo acontecia, a gerente da minha conta do Banco ligou para a minha casa e inteirou-se da situação. Liberou meu dinheiro para saque. Que alegria ao ver a parafernália “eletro-eletrônica-mecânica” jorrando notas de pesos-chilenos na última e  já sem esperança tentativa de sucesso.

Circulei à pé pela bonita Antofagasta depois de passado o estresse do óleo e do dinheiro. Agora, linda cidade!

                                                       






Antofagasta/Chile


Fui ver a “La Portada”, monumento natural e postal de Antofagasta.
 É um lugar de enormes falésias onde em determinado local foi
 esculpido pelo mar um enorme arco na rocha sedimentar.














                                                     "La Portada" - Antofagasta - Chile

 Há uma passarela por onde se desce do mirante até o nível do mar (a água do Pacífico é salgada!) margeando a falésia em cujas camadas de sedimentos se vêem depósitos de conchas marinhas muito acima do atual nível do mar.






  "Arriba", o Mirante da "La Portada"







Conchas marinhas incrustadas na rocha sedimentar.
Bem acima do atual nível do mar
"La Portada"-Antofagasta-Chile

Movido pela vontade de ver os lobos marinhos prometidos pela internet que mostrava enorme colônia destes mamíferos no cais, voltei para o norte até a cidade de Mejillones. Já no canteiro central de uma das avenidas vi uma grande escultura em cobre de um lobo (ou leão) marinho, animação!

                                           
Mejillones / Chile

Ao chegar na orla marítima, decepção. Vi apenas o que parecia ser
 um destes indivíduos, muito longe da praia estirado
 preguiçosamente numa bóia metálica. Fotografei-o puxando o que
 deu o zoom, porém sem nitidez.

Lobo Marinho...



Lá se foi quase uma centena de quilômetros rodados de graça. Valeu a vista de uma porção de desajeitados pelicanos amontoados numa geringonça flutuante, também longe da praia.


                                            Pelicanos
Continuei rumo ao sul acompanhado pelo infindável deserto.

                                                                                      Linda Cruz!



Cerca de 60 kms depois do segundo trevo de acesso (sul) a Antofagasta, cheguei à “La Mano del Desierto”. Monumento de uma mão enorme lembrando um gigante enterrado tentando se libertar da areia. Parada obrigatória de todas as tribos de aventureiros para uma foto.
                                          
La Mano Del Desierto / Atacama / Chile


Nestas infindáveis estradas no deserto, vêem-se muitas camionetas 4X4 munidas de enormes antenas dobradas e presas à carroceria, sinal evidente de as necessidades de comunicações serem atendidas por rádio quando necessárias. Telefone celular não deve ser muito útil nestas paragens.


Encontrei um caminhão com uma enorme carreta lotada com quatro enormes pneus para os caminhões das minas de cobre. Fiquei imaginando como é feita a troca de uma roda e de um pneu destes...
                                                                             
Nestas paragens, proliferam as estradas de ferro para transporte de minérios. Passei por um destes cruzamentos de nível e logo adiante fui parado por um carabineiro. Feitas as saudações de praxe, ele pediu que eu olhasse para trás por onde eu havia passado e visse a placa “PARE” no cruzamento férreo. Eu disse que estava vendo. Então porque não parou? Ele disse. Respondi que eu havia diminuído a velocidade e olhado para os dois lados antes de atravessar os dormentes. Ele disse: Mas a placa diz “PARE” e você não parou... Argumentei que esta prática não se aplicava no Brasil, que se tivéssemos a visão da não vinda de algum veículo, passava-se sem travar o nosso veículo. O policial disse que “PARE” era para parar. Pedi sinceras desculpas, pois a última coisa que eu queria era desrespeitar as leis num País que estava me acolhendo. Educadamente fui liberado e nos despedimos com o carabineiro ensaiando algumas palavras em português. A partir daí, a cada placa “PARE”, nas cidades ou no deserto com ampla visão dos dois lados, eu parava e punha os dois pés no chão. De início me senti meio idiota fazendo isto, porém ao ver que todo mundo fazia o mesmo, me acostumei. PARE significa PARE.

Quando saí de Antofagasta, “me” pensei: Agora estou na civilização, chega de carregar  garrafas “pets” cheias de gasolina, o que torna a moto um “coquetel molotov” no caso de uma queda no asfalto com produção de centelha devido ao atrito. Ledo engano! Ao chegar a um isolado e raro posto de combustível, este não estava atendendo... Faltaria autonomia para chegar até a próxima cidade de beira de estrada onde encontraria a nafta. Tive que fazer um desvio de rota de 20 kms e descer (eu estava no altiplano novamente) até uma tal de Taltal, pequena cidade litorânea onde cheguei a noite, reabasteci a moto, novas garrafas “pets” cheias de nafta, e dormi em Taltal. Lá se foram mais 40 kms rodados de graça neste dia de desencontros. Que dia!

                                            
323 km rodados hoje.  Total até aqui: 3.085 km.


26/03/2009   7º dia de viagem.    De Taltal-Chile  à  Los Vilos-Chile

Taltal amanheceu com temperatura agradável. Não pus muita roupa, pois prometia esquentar. Esqueci que subiria mais de 2.000 metros de altitude e rodaria no altiplano. Lá em cima fazia frio e forte neblina. “Me” pensei; logo a neblina ira se dissipar e fará calor... eu tremia de frio e as roupas quentes estavam de acesso difícil,  bem acomodada e amarrada no bagageiro. Quando passou do meio-dia, não teve mais jeito. Parei a moto, desfiz a “trouxa”, me desnudei na beira da estrada, sempre deserta, e comecei me vestindo desde baixo; mais um par de meias, ceroulas, camisetas, moletons, recolocando o forro quente da jaqueta, balaclava, outro par de luvas... Agora sim!

O ruído dentro do capacete (capacete no valor de U$ 60.00 – não podia dar outra...) era ensurdecedor devido ao forte vento lateral e constante. Em dois viadutos havia birutas para alertar motoristas quanto a direção e intensidade do vento. Quando eu, a 100/110 kms por hora cruzava com caminhões também velozes, colava-me no tanque da moto e esperava a pancada de ar. O capacete colava no rosto. No dia seguinte passei a usar protetor auricular tipo plug, pois à noite meus ouvidos zuniam devido ao ruído do dia.

Passei por La Serena-Chile. Da estrada avistei a torre da igreja de St° Domingo e não me contive, entrei na cidade para ver de perto e fotografar.
                                   
La Serena / Chile

Novamente na estrada, passaram por mim feito foguetes, dois motociclistas com grandes motos on/off e placas da comunidade européia. Carregavam até pneus de reserva. Num instante desapareceram na estrada, agora em pista dupla e murada no centro. A algum tempo depois, vi-os voltando ainda mais rápidos para La Serena pela outra pista... Entendi logo depois o porquê; uma placa na estrada avisando que o próximo combustível estava a quase 200 kms de distância... Os dois bólidos não me alcançaram mais naquele dia. É no mínimo estranho avisos como estes alertando da distância do próximo abastecimento quando já se passou pelo último e não existe retorno na pista por muitos quilômetros adiante. Benditas garrafas “pets” cheias “gás”. Vêem-se anúncios em “out doors” naquelas paragens, de fabricação de tanques de combustível para motocicletas com maior capacidade de armazenamento em litros. Justificável!

Já se vão mais de 2.300 kms rodados no Deserto de Atacama, considerado o mais inóspito do mundo. Este deserto vem dos Andes e termina no Oceano. Contraste das cores de tom “pastel” das rochas e areia com o profundo azul do Pacífico.
                                                                             
Cheguei a Los Vilos-Chile onde pernoitei.
893 km rodados hoje.  Total até aqui: 4.438 km.


27/03/2009   8º dia de viagem.   De Los Vilos-Chile  a  Mendoza-Argentina

Dia cheio!

Novamente muita neblina. O deserto se diluiu no trajeto deste dia. Voltou o verde da vegetação de maneira constante e não mais em apenas oásis.

Fui à bonita Viña de Mar-Chile, uma das cidades-sede da Copa do Mundo de Futebol em 1962 onde a seleção brasileira estava sediada na fase inicial e depois se tornou Bi-Campeã Mundial de futebol em Santiago. Lembro-me de ter acompanhado este evento (pelo radio), torcido e colecionado figurinhas da Copa quando ainda criança. Naquele tempo, com 14 anos ainda se era criança.
                                       
                    Viña de Mar / Chile

Fui a Valparaiso-Chile, cidade que é Patrimônio da Humanidade. Exprimida entre as montanhas e o mar, a cidade subiu, com suas construções, pelas encostas. Uma das atrações deste lugar, é seus muitos mirantes com vista para sua orla marítima e enorme cais. Existem em Valparaiso bondes ascensores com existem transportes coletivos em outras cidades.

                                                                                      
 Valparaiso / Chile




















Típica ladeira de Valparaiso
Estou num destes mirantes então, eis pois que senão quando, surge o impagável Laviola com a Adriana... Incrível. Sem absolutamente dada termos falado em detalhes de nossos futuros destinos nesta viagem, nos reencontramos três dias depois a 2.000 kms de San P.de Atacama e ao nível do mar.
                                       
Reencontro inesperado
Depois de efusivas manifestações de apreço e novas fotos, nos despedimos com um... “até breve”.


Fui a Santiago, capital do Chile. Muito movimentada e grande. Fiz um tour pela parte central da “city”. 

                                                  

Santiago / Chile


A intenção era pernoitar em Santiago para transpor novamente os Andes no dia seguinte, porém devido aos dois dias seguidos de neblina que somente começava a de dissipar lá pelas 14:00 horas, resolvi subir neste dia à tarde os Andes para desfrutar da boa visibilidade garantida naquele momento
                                                                                                                                                        Novamente os Andes pela frente

Os Andes desta parte sul são bem diferentes da parte que transpus anteriormente mais ao norte, pois se sobe e desce-se de chofre, sem passar por extensos altiplanos. Além disso, é bastante movimentado, com charmosas pousadas, hotéis e resortes para se veranear ou curtir um tremendo frio com vinho e lareira de um momento para outro. Há placas anunciando a obrigatoriedade de veículos portarem cadenas (correntes) para rodas para o caso de neve na pista. No lado chileno há o famoso trecho chamado Los Caracoles, uma impressionante rampa de estrada em zig-zag com grande sequência de curvas em forma de “U”.


Los Caracoles

Quase lá em cima a aduana chilena.
Problemas.
Na minha entrada no Chile, naquele domingo anterior no container chileno e mais tarde na aduana de San Pedro de Atacama, onde cheguei juntamente com um ônibus de excursão, absolutamente não foi me foi dado o formulário de “Importação Temporária de Veículos” e nem lançaram no sistema eletrônico algo parecido. Agora o pessoal daqui estava exigindo... Aleguei que nós estrangeiros não dispúnhamos de uma cartilha explicando o que tínhamos que exigir das autoridades chilenas para nossos ingressos ou saídas do País, visto que o Chile não pertence ao Mercosul. Claro que foi a mesma coisa que dizer que os aduaneiros careciam também de serem fiscalizados, e não apenas nós, visitantes. Mais problemas internacionais... Penso que com estas experiências, já posso me tornar um cônsul, diplomata ou algo parecido. Voltando à aduana; fala com um, fala com outro, autoridade daqui, autoridade dalí, consulta sistema eletrônico, consulta carimbos em passaporte e nada. O Chile é muito rigoroso em questões de leis. Resumindo, não fosse esta minha carinha de bom moço, a moto teria ficado retida. Ufa! Liberaram-me, com a motocicleta, e la ficaram mais de uma hora perdida em trâmites aduaneiros.
Próxima atração; Túnel Del Cristo Redentor. No interior deste túnel,
 com 3 kms de extensão, localiza-se a fronteira entre Chile e
 Argentina. Este, o túnel, está a 3.185 metros de altitude. Foi aí que
 passei por nova e estressante experiência pois, antes de entrar no
 túnel, esqueci de tirar os óculos de sol o que ocasionou uma
 péssima visibilidade pois a iluminação do interior era fraca, a pista
 molhada devido às infiltrações das rochas, trânsito rápido e
 nervoso. Eu não tinha como remover os óculos por estar com luvas
 grossas e não poder me descuidar em nem uma fração de segundos
 pois, a única referência que eu tinha para me manter na minha pista
 eram as luzes do veículo imediatamente à minha frente. Havia
 trechos com acostamentos mas, eu não conseguia vê-los com a
 necessária antecedência para poder acessá-los. Que alívio ao ver “a
 luz no fim do túnel”. Aprendi algo que já era óbvio.


Comecei descer a montanha do lado argentino. Mais estações de hospedagens para turistas e escaladores dos Andes. Passei pelo famoso sitio “Ponte Del Inca”. Lugar de onde saem as expedições para o monte Aconcágua, aluguel de mulas para as expedições e onde há um memorial em homenagem às vitimas desta montanha, ruínas e outras atrações. Fotografei? NÃO!!! Mais fotos que ficaram faltando... Logo comigo que amo as montanhas e escaladas. É assim; têm coisas que se não forem feitas num exato momento, depois nunca mais. Parecia que eu não estava vendo como real um lugar que nunca esperava ver, talvez estivesse esperando mais uma oportunidade para parar a moto, desequipar, ver, sentir e fotografar. Eu ainda estava estressado com o ocorrido na aduana chilena. Continuei descendo e cheguei em Uspallata-Ar. Uma cidadezinha fervilhante de pessoas que me pareceram turistas. “Me” pensei: Acabaram os Andes... Novo ledo engano. Começava a escurecer, escureceu e eu ainda descendo os Andes. Um sufoco, muitos túneis e a pressão vinda de trás de veículos que conheciam a estrada. Várias vezes saí da estrada para dar passagem aos apressados. Cheguei, depois de algum tempo e “morto” de cansaço por todas as atividades que tivera naquele dia, à charmosa e movimentada Mendoza, que naquele momento não achei charmosa coisa nenhuma, apenas queria procurar um banho, um micro para passar um e-mail e uma cama, o que sempre é difícil numa cidade grande e sofisticada. Depois de rodar na cidade, encontrei uma espécie de pousada onde, depois de me cadastrar e conversar com a os proprietários, me ofereceram dois litros de água mineral congelada e meia garrafa de vinho para levar para o apartamento. Também me emprestaram um micro para eu enviar uma mensagem para tranqüilizar os familiares e amigos. Pedi algumas empanadas que o hotel se encarregou de chamar de uma pizzaria para “acompanhar o vinho” e servir de almoço/jantar. No dia seguinte avisei ao pessoal da pousada que “el vino se foe todo, solamente se quedo la agua".
                                                                 
672 km rodados hoje.  Total até aqui: 5.110 km.


28/03/2009   8º dia de viagem.    De Mendoza-Ar.  à   Laboulaye-Ar

No dia seguinte pela manhã fiz um "tour" pela bonita cidade de Mendoza, com muitas praças e "puluída" de árvores. Muito verde.



Mendoza / Argentina





Parque de Mendoza. Aqui há um zoológico


Depois de Mendoza, passei por San Luiz e a partir daí, por mais de 300 kms, a rodovia era toda munida de postes multicoloridos com luminárias. Imaginem uma rodovia de São Paulo ao Rio de Janeiro toda iluminada à noite, só que com uma décima parte do movimento de veículos da mencionada estrada brasileira.
As infindáveis retas continuam, agora novamente em planícies. Estou eu dirigindo nos meus modestos 100 kms por hora quando passa por mim uma enorme motocicleta com dois enormes escapamentos com enormes alforjes laterais e central o que conferia à moto uma maior imponência e, pilotando a mesma, um sujeito cuja bandana esvoaçava pela nuca além de usar uma máscara de tecido negro cobrindo o nariz e a boca a la assaltante de diligências do velho oeste. Passou por mim e nos cumprimentamos. Senti-me com um acentuado complexo de inferioridade devido a toda aquela postura sobre uma monumental máquina pois, me senti um moto-boy (com todo o respeito a esta valorosa categoria) sobre a minha motinha com a trouxinha amarrada no bagageiro. Percebi que a placa da moto portava a insígnia da Comunidade Européia. Mais adiante, o cavaleiro fantasma deu seta para entrar para o acostamento e passei por ele novamente com novos cumprimentos. Pelo retrovisor, vi que ele não parou e passou por mim novamente com novo, porém contido, cumprimento e acelerou para o seu ritmo de cruzeiro. De relance, vi na placa de sua moto a outra insígnia: A de Portugal! Creio que devido aos meus quase 61 anos de idade, demorei a me dar conta do seguinte: Quando o motociclista passou por mim e deu seta, era para que eu parasse para conversarmos, pois falávamos a mesma língua. Ele certamente havia identificado a pequena bandeira do Brasil sob a placa da minha moto. Porém no momento eu não percebi que ele se dignaria a falar com um “falconeiro” e também não sabia que idioma ele falava. Quando entendi a realidade das coisas, acelerei ao máximo para tentar alcançá-lo. Estou tentando até hoje... Senti-me péssima pessoa, péssimo anfitrião sul americano e um mal educado, Fazer-se o que? São aquelas coisas já aqui mencionadas que se a gente deixa passar, nunca mais volta.

Parei em Laboulaye para pernoitar.
Laboulaye

Rodados hoje 563 km. Total até aqui: 5.673 km.

29/03/2009  domingo   9º dia de viagem.  De  Laboulaye-Ar  à  Buenos Aires-Ar.

Sol nascendo e eu já estava na estrada.


Estava ansioso, esperava ver as netinhas em Bs.As. Também, no íntimo, eu tinha a esperança de que, saindo cedo, poderia ficar novamente a frente do português caso ele tivesse saído mais tarde para a estrada após o pernoite. Queria lhe pedir desculpas. Nunca mais o vi.
A uns 100 kms de Bs.As. passei por uma enorme laguna de água salgada. Lá, muitas aves aquáticas, inclusive muitos flamingos.


Passei por Lujan, onde há uma magnífica basílica e um original zoológico, onde em outra ocasião, entrei com minha filha e um tratador numa jaula com cinco leões adultos e... "vivos"! Tenho fotos e filme...
Basílica de Lujan - Ar.



Zoológico de Lujan - Ar.

Cheguei na casa das netinhas, filha e genro em Pilar-Boca Raton-Bs.As.,  foi só alegria.

Rodados hoje 468 km. Total até aqui: 6.141 km.
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Fiquei três dias curtindo a prole e não contei como tempo de viagem.
Sofia, Gisele e Lara

   
                                    Lara                 

                            
                             A Prole                                      

Aproveitei para fazer outra troca de óleo da moto. Desta vez, no pequeno município de Pilar. Não encontrei, o que é de sempre se esperar, a menor dificuldade de encontrar um bom e adequado óleo. O dono da loja/oficina fez questão inclusive, em me ajudar na troca.
30e31/03/2009  rodados nas redondezas de Buenos Aires-Ar: 110 kms                                  
 Total até aqui: 6.252 kms.


01/04/2009  10º dia de viagem. De Buenos Aires-Ar.  à  Colonia Del Sacramento-Uruguai

Fiz um tour pela belíssima Buenos Aires. Visitei a Catedral, o mausoléu do herói nacional General San Martin no interior da Catedral e com guarda de honra de “los granaderos” do exército, o Obelisco na avenida mais larga do mundo, a 9 de julho, a Casa Rosada, a Plaza 25 de mayo, palco de manifestações do politizado povo “porteño” e de “las madres de mayo” que reivindicam informações de seus filhos desaparecidos no regime militar, o grande e mundialmente famoso teatro Colon e vários outros lugares. Buenos Aires  tem uma peculiar forma de suas construções que lembra as de Paris, na França. Nesta ocasião, a cidade e o País estavam de luto devido à morte do ex presidente Alfonsin.
 
Tumba de San Martin - Catedral de Bs.As.



Teatro Colon - Bs.As. - Argentina

Ponte articulável - Porto Madero - Bs.As.

Pça. 25 de Mayo - Casa Rosada ao fundo - Bs.As.

A ida para o Uruguai seria atravessando o extenso Rio de La Plata de “Buquebus”, uma enorme embarcação que transporta não só os passageiros mas também os seus veículos. Comprei as passagens, minha e da moto, 8 horas antes e já não encontrei passagem para mim na categoria “turista”. Tive que viajar na categoria “Especial”, o que me custou 90 pesos argentinos a mais na já cara passagem (288,00 pesos argentinos para eu e a motocicleta) para uma hora de viagem. Eu lá tenho cara de quem viaja em primeira classe? A Partida foi às 19:30 horas.
Buquebus - Rio da Prata
Travessia da Argentina para o Uruguai

Setor de transporte de veículos no Buquebus

O interior dos passageiros no Buquebus é impressionante pelo inesperado luxo. Todo acarpetado em vermelho brocado e muito bronze polido. Há um “free shop” para os passageiros que se abre dez minutos após a partida e fecha dez minutos antes de chegar ao destino.

Piso inferior do setor de passageiros
do Buquebus

Quando tentei subir à minha “classe especial”, fui barrado no início da iluminada escadaria vermelha margeada de metal reluzente, para mostrar o caminho. Imaginem um motoqueiro com as roupas encardidas de poeira, com cara de foragido devido às marcas deixadas pelo sol, vento, calor, frio, poeira e cansaço dos últimos dias, tentar acessar um lugar tão nobre.

Acesso à primeira classe no Buquebus

Mostrei a passagem e tudo foi só sorrisos. Quando cheguei ao último degrau, fui recebido com uma taça de champagne e fui escolher uma das poltronas de couro que circundavam mesas para me acomodar portando numa das mãos a jaqueta empoeirada e o capacete cheio de insetos espatifados e na outra, a taça de champagne. Me senti o próprio Leonardo di Caprio no filme “Titanic”.

Botas "encardidas" na primeira classe...
Chegando à noite na Turística Colonia. Comecei procurando hospedagem em pousadas. Encontrei um lugar para ficar num bom hotel convencional pela metade do preço pedido nos hostais anteriores.

02/04/2009  11º dia de viagem.   De Colonia Del Sacramento-Uruguai a  Maldonado-Ur.

A atração de Colonia, Patrimônio da Humanidade, é a sua história, suas ruas e construções antigas e preservadas e suas ruínas. É gostoso caminhar por suas alamedas, praças, muralhas e fortaleza. Antigas igrejas preservadas e conventos em ruínas e seu farol. Respira-se a história da cidade fundada por portugueses e as sucessivas trocas de mãos entre estes e espanhóis através de enfrentamentos bélicos pela posse daquelas paragens. Existe também uma boa parte, a espera de restauração, do que foi uma Plaza de Toros, obviamente desativada já a mais de oitenta anos. Passei a manhã em Colonia e também a viagem até Montevidéu debaixo de muita chuva. Foi a segunda e última precipitação atmosférica aquosa da viagem.
                                                                            

Colonia del Sacramento - Uruguai


                                                                               


                                                                          


                                                                  Fortaleza construída por portugueses

                                                                               


Fui conhecer (em parte, é claro), a elegante capital do Uruguai, Montevidéu. Linda cidade, com enormes monumentos e majestosos edifícios públicos e particulares. Esta cidade lembra Buenos Aires em suas construções e estilo. Vindo-se de Colonia, a primeira visão da cidade é um enorme edifício em estilo futurista porém,


Montevidéo - Ur.

 Adentrando-se à cidade, percebe-se que a mesma resiste em manter sua fidelidade ao estilo neo-clássico.

                                                   
                                                                           

Palácio Brasil - Montevidéo

                                                                               


                                                  Interior da Catedral de Montevideo - Ur.

Parou a chuva. Destino agora: a badalada Punta Del Este-Ur.
Eu estava chegando de dia, mas um pouco tarde em Punta del Este e não me encorajei em procurar hospedagem num lugar destes. Isto é coisa pra Madonnas e Maradonas da vida... Fui até a vizinha Maldonado-Ur., passando pelo busto de Juan Diaz de Solis, homenageando o descobridor do Rio da Prata.

Juan Diaz de Solis, descobridor do Rio da Prata

Em Maldonado dormi o sono dos justos.
Rodados hoje: 364 km.    Total até aqui: 6.616 km.


03/04/2009   12º dia de viagem.  De Maldonado-Ur.  a  Chuy-Ur.

Maldonado tem uma bonita Catedral, e chamou-me a atenção a manutenção pelo governo de uma escola de arte. Balé, canto lírico, pintura, teatro... Etc. Ministrados de graça para o povo.

                                     
Catedral de Maldonado - Ur.

Fui para a vizinha Punta Del Este passando pela “Ponte Ondulada”, uma interessante obra onde a pista de rodagem desta ponte faz um sobe e desce por duas vezes. Enquanto se está subindo, não se sabe o que se irá encontrar em seguida, pois a visão é nula. Se usar um pouco de velocidade neste trajeto, certamente haverá uma decolagem do veículo ao terminar a rampa ascendente. Dá medo pra quem não está acostumado. Não é à toa que a referida ponte é feita em duas pistas, duas mãos isoladas uma da outra.

Ponte ! ? ! - Maldonado / Punta del Este

A parte principal de Punta de Este é uma península cravejada de prédios residenciais, luxuosos hotéis, restaurantes e cassinos. Dá-se a volta por esta ponta de continente que avança para o mar por uma avenida que na ida, margeia-se a Praia Mansa, resquício do Rio da Prata e volta-se pelo outro lado pela Praia Brava, banhada pelo Atlântico. Nesta praia encontra-se a escultura “La Mano” homônima da similar incrustada no Deserto de Atacama, no Chile, só que nesta, o “gigante” conseguiu colocar apenas os dedos para fora da areia.

    Punta del Este - Ur.

                                                                              


                                                                           




                                                                              


 No centro da península, há a Av. Gorlero, espinha dorsal e “point”
 da Península. Lá, tomei ao ar livre um chic “desayuno” (café da
 manhã) que eu não havia tido em Maldonado.


Fui comprar uns postais numa banca e, entre os mesmos, vi a foto de uma “matilha” de lobos-marinhos ali no cais de Punta. “Me” pensei, lembrando de Mejillones, nesta eu não caio mais. “Me” pensei novamente, é a algumas quadras daqui, uma frustração a mais uma a menos não fará diferença... A gente nunca aprende. Entrei no Porto/Cais onde ficam fundeados iates e veleiros e também aportam os pescadores. Estou caminhando pelos cais quando tomo um susto ao olhar para o lado numa rampa de embarcações que são lançadas ou tiradas da água. Ali, na rampa, fora da água, resfestelada ao sol, uma enorme criatura com cerca de 2,5 metros de comprimento, que de início julguei ser uma escultura lembrando aos incautos turistas que ali “poderia” ser visto algum lobo-marinho. A “escultura” se mexeu e suas moscas fugiram. Fotos!



Criança !

 Dirigi-me até onde ficam os pescadores limpando peixes e jogando os restos na água. Ali uma profusão de lobos-marinho, estes um pouco menores que o macho líder anteriormente visto, disputando os petiscos jogados na água, entre si e as gaivotas. Fotos! Lembrei-me do minguado lobo-marinho de Mejillones que me custou alguns litros de combustível para vê-lo de muito longe.



Satisfeito, tomei o rumo Norte, direção de casa, em busca da Fortaleza de Santa Tereza, próxima à Chuy, ainda no Uruguai.
A uns três quilômetros antes de chegar ao destino, entrei no Parque de Santa Tereza, um grande espaço verde mantido pelo exército uruguaio muito bem cuidado onde há algumas informações e acervo histórico da Fortaleza além de um jardim botânico com estufa e tudo mais, onde são mantidas (vivas) muitas espécies de plantas tropicais.
Parque do complexo do
Forte de Santa Teresa - Ur.

Mais adiante na estrada, a atração culminante programada para este circuito: A Fortaleza de Santa Tereza. Estratégico ponto militar também alvo de sucessivas posses entre portugueses e espanhóis através de belicosidades.  Restaurada com esmero e perfeição, tudo está no seu devido lugar. Muito capricho dos uruguaios.

Forte de Santa Teresa - Ur.

                                                                              


                                                                            No interior de suas instalações, valiosíssimo acervo histórico. Caminha-se só e livremente em todas as dependências, respirando a atmosfera histórica devidamente monitorado por câmeras de segurança. Justíssimo.




Missão cumprida! Já posso ir para casa. Vou à cidade uruguaia de
 Chuy (Tchuí) colada à cidade brasileira de Chuí. Ali, a fronteira seca
 entre os dois países é determinada por uma avenida. Nesta
 avenida, o lado uruguaio com suas lojas de Free Shops/Duty free  e
 cassino acenando para os brasileiros. O lado brasileiro com seus
 supermercados e lojas de eletrodomésticos seduzindo os
 uruguaios. Tirei uma foto da moto com a roda dianteira no Brasil e
 a trazeira no Uruguai (muito original, acredito que nunca ninguém
 teve tão inteligente idéia !!!).
Chuí - Brasil                                Chuy - Uruguai
Não tenho a menor queixa de como fui tratado nos três países que visitei. Sempre fui muito bem atendido e muito bem informado em meus questionamentos e dúvidas onde “los hermanos” sempre deram o máximo empenho em me ajudar independentemente de terem algumas vezes conseguido ou não por conta do idioma. Nas estradas argentinas fui parado uma única vez por um “policial caminero” que após fazer perguntas sobre a viagem e a moto, pediu-me “una colaboracion para la corporacion”. Dei-lhe dez pesos para evitar entraves burocráticos por mais que eu não os temesse. Nas estradas chilenas, apenas aquela abordagem pelo “policial carabinero” por eu não ter parado a moto e posto os pés no chão diante da placa “PARE”. No Brasil, passam por cima da gente se pararmos no meio de uma estrada sem estar vindo trem à quilômetros de distância de ambos os lados.
Lembrei-me, já no Chuy, que eu não havia feito a “carta verde” para dirigir no Uruguai ao entrar neste país. Agora já foi.
Para desfrutar os últimos momentos no exterior, jantei e dormi no Chuy.
Rodados hoje: 284 km   Total até aqui: 6.900 km.

04/04/2009  De Chuy-Uruguai  à  Torres-Rs-Brasil.
Choveu apenas antes de eu começar a viajar naquela manhã.

Atravessei a já referida avenida e entrei no Brasil.
Passei pela Reserva do Taim e vi, entre muitos animais domésticos, uma família de capivaras com seus filhotes. Passei por Pelotas-RS. Também por sobre o Rio Guaíba em Porto Alegre e parei para pernoite na bela Torres-RS.

Rio Guaiba - Porto Alegre - Br.
Rodados hoje: 707 km.    Rodados até aqui: 7.607 km.

05/04/2009  De  Torres-RS  à  Pinhais (Gr.Curitiba)-PR-Brasil

Cheguei.
Rodados hoje: 574 km   Rodados até aqui: 8.181 km

Nilceu Mario Moro

(fotos e texto: Nilceu Mario Moro)

moronilceu@gmail.com

Março de 2009

Ps. Este passeio rendeu uma inesperada reportagem de 06 páginas na edição de setembro de 2009 na Revista “Duas Rodas”

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Atenção ! ! !:
Você poderá ver também neste Blog:

                   *** "CANAL DU MIDI", França (de bike), e um pouco da Espanha.

3 comentários:

  1. Once again you have taken us along on a very enjoyable journey. You are fortunate to have the opportunity to travel this way, it's clear that you enjoyed it very much, as did I, here today.

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  2. Caro Nilceu,

    Fiquei muito impressionado com suas viajens, com a narrativa atraente e empolgante.
    Sempre lembramos de você em Merluza e acho uma pena que eu tenha convivido tão pouco com você, já que quando cheguei por aquí você já estava concluindo sua missão conosco.
    Espero que continue por muitos anos com este seu espirito aventureiro e que DEUS dê a você saúde para realizar muitas outras viagens, nos brindando assim com novas e maravilhosas histórias.

    Grande abraço dos seus amigos que Merluza.

    Carlos do Carmo
    GEPLAT

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  3. Moro, gostei da sua história. Passei nestes mesmos lugares, só que eu fui a Iquique e Arica na fronteira com o Perú. Me recordei de muitos lugares que eu passei. Foi corajoso em ir sozinho nesta viagem mas motoqueiro bom é assim mesmo. Um abraço.
    Mauro

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